quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Livro desperta a reflexão por meio da serenidade



Num mundo tão frenético, a poeta Alexandra Vieira de Almeida traz uma reflexão sobre o silêncio e o vazio em sua nova obra intitulada “A Serenidade do Zero”. Publicada pela editora Penalux, o livro é composto de 39 poemas que procuram desconstruir a visão do conhecimento e atingir um estado de concentração serena pela não palavra.

Segundo a autora, a obra busca “ressignificar” o zero, que é visto como negativo pela tradição. Numa implosão do mundo e suas formas, as páginas apresentam um “alfabeto transcendental”. “Ao ler o livro, o leitor poderá atingir um estado de serenidade e tranquilidade que ocorre no processo reflexivo, pois os poemas são de pura meditação”.

Influências

A obra recebe influências de diversos autores. Entre eles, está Rimbaud, pelo estilo transbordante. Além disso, Murilo Mendes, Manoel de Barros, Cecília Meireles e Clarice Lispector também foram fonte de inspiração da escritora.

De Murilo Mendes a influência está na utilização de uma multiplicidade de imagens para falar da realidade. De Manoel de Barros traz a “despalavra”, o “antesmente” verbal, que é a procura de uma fala originária.

No universo feminino, Cecília Meireles é o grande ícone. A partir de Meireles, a escritora leva para as suas páginas uma poesia metafísica e lírica que procura traduzir os sons do indizível. E Clarice Lispector é outra presença que ajuda a poeta a extrair as coisas extraordinárias da vida comum.

- Clarice comparece pelos enigmas que a minha poesia percorre, unindo prosa e poesia, misturando os gêneros, fazendo um rompimento com o tom do purismo de estilo – comenta Alexandra.

Outro olhar
Para o autor do prefácio, o professor de Literatura Brasileira da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e crítico literário Marcos Pasche, a poesia de Alexandra carrega em si o fenômeno de revelação e ressignificação, dando uma concepção original do número do zero.

No poema, “Do zero proveio a multiplicidade dos outros números”, o texto desautoriza polarizações que reduzem o existir ao beco das estreitezas. Enquanto a vida humana é conduzida pelo pulso e pelas rédeas da segregação e das exclusões, a obra busca tanto iluminar quanto acolher. Ninguém está em cima nem embaixo, nem cá nem lá, como diz outro poema do livro.

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