quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Vermelho como o Sangue

de Salla Simukka (Editora Novo Conceito)

No frio congelante do inverno finlandês, Lumikki Andersson tenta apenas passar pelo ensino médio, quando um mistério surge em seu caminho. A estudante de 17 anos encontra na sala de fotografia da escola de artes que frequenta uma sacola cheia de notas de euro, manchadas de sangue, e sabe que deve pertencer a algum dos alunos. As notas estão penduradas para secar após alguém tentar remover o sangue.

Lumikki sempre foi muito quieta e tentou passar despercebida nesta escola nova, por ter sofrido muito bullying nas escolas que estudou quando era pequena. Ninguém consegue compreender seu jeito silencioso e observador. De maneira geral a personagem é muito interessante, e é meio difícil compreender ela no começo da história.



 
Lumikki segue o proprietário do dinheiro e acaba se envolvendo em algo muito maior do que poderia imaginar. Os alunos mais populares estão com o dinheiro por engano e precisam de ajuda. Sendo uma adolescente morando sozinha em uma cidade estranha apenas por melhores condições de estudo, Lumikki aprendeu a observar sem se envolver. Mas desta vez ela não consegue se afastar desta cadeia de eventos, que podem causar a sua morte.

Em um mundo recém descoberto de traficantes e policiais corruptos, a jovem tenta desvendar os mistérios que vão surgindo, e contará com a ajuda de seus novos amigos para tanto. E nessa parte começam as duas sacadas da história: que as aparências enganam muito, já que os colegas para quem ela nunca deu atenção de mostram bons amigos. E também, por que neste ponto o suspense toma conta da história, que vai se desenrolando com muitas surpresas e cenas de tirar o fôlego.


Outra coisa que é interessante é que o livro de passa na Finlândia, que é um lugar do qual ouvimos falar pouco aqui no Brasil. Salvo as exceções de quem se interessa e vai atrás de informações, no geral as pessoas não sabem muito sobre a cultura de lá. E dá pra perceber na história muitos elementos culturais bacanas que são diferentes daqui. Da mesma maneira a presença do frio é muito constante no livro, sendo comentado ou sentido pelos personagens, ou apenas como uma parte do ambiente é interessante entrar em um mundo branco, cheio de gelo, tão distante do nosso.




O livro que faz referência à Branca de Neve tem algumas cenas muito boas de perseguição e que causam muita ansiedade no leitor, mas no geral deixa um pouco a desejar. Os personagens secundários são um pouco estereotipados, como por exemplo os "vilões" da história e a proposta inicial não se cumpre totalmente. Ficou muito preto no branco e a gente sabe que na vida as pessoas não são necessariamente boas, ou apenas 100% ruins, faltou um pouco de humanidade aos caras maus e um pouco de defeitos nos bonzinhos, para equilibrar tudo e tornar mais verossímil. 

Talvez por que criei uma expectativa muito grande quanto a narrativa achei ele fraco, mas achei que o livro enrola o leitor, mas valeu a leitura, até porque ele não é muito extenso. Talvez se fosse um único volume gigante ficaria mais legal, do que lançar em três partes. A edição brasileira do livro ficou super caprichada, e a capa foi uma das mais lindas de 2014, com certeza.




O livro é bem independente, e tem uma resolução no fim, mas tem duas continuações ainda a serem lançadas no Brasil: Branco Como a Neve e Preto Como o Ébano. Vale esperar que a história melhore na sequência, o que eu realmente acho que vai acontecer, todo o burburinho no exterior em volta desta série não pode ser em vão. Até porque me parece que ler os três livros juntos seria mais satisfatório do que ler os três volumes separados e com tempo de intervalo.

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